quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Falta de Educação tem cura. Consulte um Professor.





Clique na imagem e leia o adesivo!


Ontem, 09 de Dezembro de 2008, em uma escola estadual, um aluno de 8ª série (portanto na faixa de 14 anos de idade), munido de um skate, cumpriu uma ameaça que fez no mesmo dia à sua professora de português: "...se você me reprovar, vou detonar seu carro!". Cheguei à escola no exato momento em que a professora, em prantos, constatava a execução da ameaça. Registrei, então, no celular, a cena lamentável. Se esse fato fosse perpetrado por um adulto, o código penal disporia como "Crime de Dano". Mas foi um "di menor" que o praticou, então: ato infracional.

Em meu trabalho, por vezes, registro os depoimentos de menores como ele, custodiados (eles não podem ser presos), porque surpreendidos em flagrante (no momento, ou momentos após a prática do ato infracional). Nosso trabalho é certificar as condições físicas do adolescente e colher sua primeira versão dos fatos. A maioria nega qualquer participação. Em geral, eles estão acompanhados da mãe (às vezes da mãe e do pai; muito raramente apenas do pai ou outro "responsável"), que tem as mais variadas explicações para as causas das ocorrências: falta de condições financeiras; as "má companhia"; o vício; a ausência paterna; a índole indomável; e por aí vai.

Não sei o que levou esse menino, de nome bíblico (aliás, de um Rei!), a vingar-se da professora destruindo o vidro traseiro do veículo com seu poderoso Skate. Se um dos motivos acima, ou algum outro de ordem psicológica ou psiquiátrica. Não sei.

Sei, porém, que ela não merecia sofrer esse dissabor. Todos sabemos das precárias condições oferecidas àqueles que abraçam a carreira do magistério. São injustiçados todos os dias, entregando sua saúde e tempo, em troca de uma parca contraprestação. Essa professora, em especial, acredita no poder da educação para mudar o mundo e a realidade daqueles menos favorecidos socialmente: reparem nos dizeres do adesivo colado ao vidro estilhaçado: FALTA DE EDUCAÇÃO TEM CURA. CONSULTE UM PROFESSOR.

Será que o garoto, com nome de Rei guerreiro, leu o adesivo antes de cometer o "ato infracional"? Acho que não! Sua mãe compareceu à escola, na noite do mesmo dia, em prantos, também. O garoto (que trabalha!), compareceu e comprometeu-se a pagar o prejuízo (negando a autoria, embora testemunhas garantissem o fato).

Não acredito que a professora será ressarcida: a dor que ela sentiu não foi patrimonial. O vândalo, com nome de Rei, não demonstrou na retratação a "coragem" que teve ao destruir o patrimônio alheio...

A professora, no entanto, permanece fortalecida. Acredita na educação e tem ciência do bem que faz aos seus alunos, como todos os outros professores e profissionais que trabalham nessa escola estadual .

No mais, acredito que é hora de uma séria revisão do Estatuto da Criança e do Adolescente. O Brasil necessita de uma melhor análise e acompanhamento dessas gerações que farão as leis do futuro, sob pena de ficarmos subjulgados a pessoas com nome de Rei, ou não, mas com atitudes sanguinárias e violentas, como previu o trovador Antônio de Oliveira:



Onde o ensino é relegado,
e as letras não têm valor,
há de pagar ao soldado,
quem não paga ao professor!

3 comentários:

Sandra Baldessin disse...

Cheguei ao seu blogue por indicação do Antonio de Oliveira, poeta dos melhores; gostei muito. Parabéns.

Sérgio Ferreira da Silva ou Sergílio da Uspecéia disse...

Obrigado, Sandra!

A casa é sua!

Silvia Meneses disse...

Olá, me chamo Silvia, sou estudante de Artes Visuais. Em classe meus colegas que já são professores contam muitas histórias como essa. Fico horrorizada com os comentários e concordo plenamente com seu comentário. Realmente está mais que na hora de rever o Estatuto da Criança e do Adolescente...
Um forte Abraço.
Silvia