Eu não coleciono nada. Quando eu era garoto, até, mais ou menos, meus treze, catorze anos, acreditava ser um colecionador de gibis: angariei algumas centenas de exemplares, alguns raros (pouquíssimos), mas não os mantinha comigo, trocava, comprava, presenteava... Na verdade, meu prazer maior era a leitura, e eu não mantive a predileção pelas Histórias em Quadrinhos, que foi, aos poucos, substituída pela leitura de clássicos infanto-juvenis (O Escaravelho do Diabo, por exemplo), por versões romanceadas dos clássicos gregos (Ilíada e Odisséia), e pela fascinante ficção científica (Isac Asimov, Ray Bradbury, etc.). Na época do colégio, virei um rato de biblioteca e li (e adorei) Machado de Assis, José de Alencar, Ignácio de Loyola Brandão, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Millôr, Leon Eliachar, Stanislaw Ponte Preta, ou seja, tudo o que havia para ler, e que o meu tempo integral permitia. Cursei Direito e, então, descobri outras áreas: Sociologia Jurídica, Filosofia do Direito, Medicina Legal, Direito Penal, Civil, Trabalhista, Constitucional,...
Com a Faculdade de Direito, duas coisas que eram apenas um passatempo, ler e escrever (escrevia, e guardava na gaveta, poemas, sátiras e pensamentos), tornaram-se um exercício diário, uma forma de sobrevivência. Para relaxar de tanta leitura técnica, li bastante poesia (João Cabral de Melo Neto, Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes, e muita gente boa...). O tempo foi passando, passando... Já fui advogado e, agora, sou servidor público (na área jurídica). Continuo lendo e escrevendo, muito e diariamente. Escrevo poesia e prosa, com mais seriedade (tenho alguns poemas e contos publicados em coletâneas e na internet). E estou cursando Letras (calouro 2006).
Como eu disse no início, eu não coleciono nada, mas depois de 45 anos sobre a superfície desse nosso planeta, 38 deles como leitor e arriscando escrever algumas linhas, posso dizer que, pelo menos, tenho duas manias: ler e escrever.
Ou será que eu coleciono palavras?
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