sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O lado poético da Leila (2)

Há um livro chamado "A arte de ver a arte" que, entre diversas observações quanto a estilo, períodos artísticos, técnicas e materiais, indica um caminho para que se veja a obra de arte sem preconceitos (para além do "gostei" ou "não gostei"): é a observação induzida pela própria obra. As duas obras abaixo (o desenho e o poema) são exemplo disso, já que o primeiro, chamado Solidão - grafite sobre papel - induz uma leitura não usual, em que duas imagens projetam duas sensações distintas, dirigindo o olhar do espectador ora para uma, ora para outra direção. No centro da imagem, apenas o vazio...



(clique na imagem para vê-la ampliada!)

O poema - Eu - dispõe duas situações
distintas: o vazio e a força profunda, das perdas e conquistas, do sal que imprime sabor à vida, porque, como a autora mesmo diz, "uma vida sem emoção não é vida". Imagem e palavras de uma mulher que soube, sempre, se reinventar, se fazer melhor a cada dia, cuja caminhada eu, orgulhosamente, acompanho!



Eu

Um vazio profundo

uma rota alterada
uma espada sem fio
uma lágrima derramada

Uma força desmedida

uma forma insensata

uma página já lida
uma história descartada

Uma vida refletida

por atos calculados
Se a dor me vem aturdir

Fiz por onde e assumo os fatos


Se meus erros são tão grandes
Se a paixão move meus atos
Não fujo e pago o preço
De todos os meus pecados

Vida é intensidade

vida é verdade
vida é criatividade

vida é autenticidade

Prefiro ser ousada do que ser Amélia, a mulher de verdade
Prefiro ser rebelde, do que tecer calmamente um tapete

Prefiro meu sangue quente correndo pelas veias em situação de risco, do que a morna sensação do conforto.


A vida é uma só
e deve ser vivida com
intensidade
sabor
prazer

amor
lazer

imaginaçã
o.

Se não for para ser vivida assim,
melhor que se faça o enterro,

porque uma vida sem emoção, não é vida... é morte em vida.

E essa é a pior morte.


(Leila Rodrigues)

Foto Poema 1

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