domingo, 26 de julho de 2009

Livro do Desassossego




Uma das leituras - quantas e boas! - que fiz no primeiro semestre de 2009 (quase um exílio) foi de boa parte do Livro do Desassossego (Companhia das Letras), uma coletânea de prosa esparsa do Fernando Pessoa, recolhida de um baú de coisas encontrado depois de seu falecimento. O nome da obra não poderia ser melhor, são reflexões profundas do mestre, em pessoa (mania de trocadilhar - nem sei se o verbo existe!)! Abaixo, transcrevo o fragmento 212, curtíssimo e próprio a um blog que se dispõe, entre outras coisas, a pensar a poesia. Nele, também, toda a gênese da heteronímia...



"...212.
Ter opiniões é estar vendido a si mesmo. Não ter opiniões é existir. Ter todas as opiniões é ser poeta."

Trovas de Guardanapo

Nos encontros de trovadores brasileiros, é costume a realização de pelo menos um jantar... Daí que alguém pergunta algo do tipo: "-Você conhece aquela trova do fulano?" Alguém, então, declama a trova, ou a escreve, para resgatá-la, aos poucos, da memória. E onde escrevê-la? No pedaço de papel mais comum dos restaurantes: a conta! Não! Não! No guardanapo!

Pois foi em Friburgo que minha filha, a Laura, teve uma idéia interessante, porque não fazer um livro de guardanapos. A idéia "pegou" e, em poucos minutos, grandes trovadores do Brasil inteiro estavam escrevendo sua trova preferida para ilustrar a primeira coletânea de trovas de guardanapo do Brasil.

Os guardanapos foram reunidos e lidos ali mesmo, no dia 16 de Maio de 2009. Digitalizei os guardanapos e o José Ouverney está revisando, para uma versão eletrônica. Aguardem!


Por enquanto, fiquem com a trova do Magnífico Trovador Arlindo Tadeu Hagen, um refinado aperitivo, antes do "jantar poético" que se aproxima!

Eu te imploro, por favor,
não insistas neste adeus.
se não for por meu amor,
fica, pelo amor de Deus!

(Arlindo Tadeu Hagen)