segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Estilos literários em um samba-enredo de João Freire Filho



Com João Freire Filho, no Country Club de Nova Friburgo/RJ

 
Todos os trovadores, acredito, tornam-se, de certa forma, órfãos, quando um ser humano como João Freire Filho nos deixa. Sinto-me assim, em relação ao João.
 
Para muitos dos trovadores brasileiros, João Freire, de saudosa memória, será lembrando como Magnífico Trovador, ou como Presidente da União Brasileira de Trovadores (UBT). Também será lembrado por sua marcante voz  e pela emoção sempre à flor da pele quando declamava uma trova, pela forte personalidade, ou como um ferrenho defensor da trova.
 
Para outras pessoas, fora do meio trovadoresco, será lembrado como ótimo professor das séries iniciais, ou como professor e membro do conselho universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
 
Outros, lembrarão com gratidão do professor voluntário do curso preparatório para o vestibular EDUCAFRO, que tantos alunos conseguiu aprovar em importantes vestibulares de seu Estado.
 
João Freire, com sua voz marcante, também era compositor, e foi autor de diversas músicas. Uma delas, em especial, ele cantou para que eu ouvisse no Hotel Fabris, em Nova Friburgo, por ocasião do lançamento de seu livro "Entre achados e perdidos".


 
Era um samba-enredo (cuja música é de seu parceiro Rui Perez), que foi ensinado aos alunos daquele cursinho preparatório. Tenho certeza que esse samba abriu muitas portas. Nunca esquecerei do entusiasmo com que João me falou do samba e, igualmente, de sua alegria e orgulho ao cantá-lo.
 
Edmar Japiassú Maia me pôs em contato com a filha de João (Luciana), quando fiz contato para saber se ele tinha a letra do samba, ou mesmo alguma gravação, para postagem neste blog.
 
Por enquanto, não consegui a gravação, mas a letra foi gentilmente enviada a mim pela Luciana e, ao ensejo do carnaval deste ano de 2013 (hoje é véspera), publico aqui a íntegra do samba, respeitando integralmente a grafia original, para o deleite dos trovadores, amigos do João, sua família e os alunos que o ouviram em primeira mão, desfilando saber e carinho, como só o João Freire Filho sabia fazer!
 
Numa época em que os sambas-enredo são sinônimo de falta de coerência, confusões históricas e parecem ser uma coisa só, uma massa disforme sem conteúdo, o samba de João Freire é um verdadeiro alívio para a alma.
 
Fiquemos com ele, então. E bom carnaval...
 


G.R.E.S. VÊM VINDO OS VESTIBULANDOS
SAÚDA A IMPRENSA ESCRITA, FALADA E TELEVISIONADA, PEDE PASSAGEM E APRESENTA O ENREDO
ESTILOS DE ÉPOCA NA LITERATURA BRASILEIRA:
VAMOS CANTAR A TRAJETÓRIA
DA LITERATURA TUPINIQUIM...
SOB A LUZ DA NOSSA HISTÓRIA,
SUA HISTÓRIA
VEM-SE FAZENDO ASSIM...
O BARROCO É REBUSCADO...
ENTRE “NÓS”, FAZ POESIA...
QUER O CÉU, VIVE EM PECADO
E REJEITA A SIMETRIA...
PASTORES TOCAM FLAUTA NO ARCADISMO,
PREGANDO QUE O BOM MESMO É O BUCOLISMO...
NEOCLASSICISMO – COM RAZÃO, RACIONALISMO!
COM SENTIMENTO DERRAMADO
COM AMOR POR TODO LADO
- POR UM MUNDO COR DE ROSA –,
O ROMANTISMO, FEBRIL,
SEJA EM VERSO, SEJA EM PROSA,
PINTA O MAR, PINTA A FLORESTA,
PINTA O ÍNDIO E O BRASIL!
E O REALISMO, DE PÉS NO CHÃO,
DÁ AS MÃOS AO NATURALISMO,
NA PROSA DE FICÇÃO – SEM EMOÇÃO!
E, ENQUANTO ESSES DOIS SE VÃO FIRMANDO,
NOSSOS PARNASIANOS, PRESOS A NORMAS,
- VERSOS DUROS FABRICANDO -,
NUMA FÔRMA PÕEM AS FORMAS!
MAS... É DAS VOZES DO INCONSCIENTE,
DO VAGO, DO ETÉREO E TRANSCENDENTE...
QUE UM CELESTE MISTICISMO
FAZ SURGIR O NOSSO SIMBOLISMO!
É SINESTESIA, É MAIS SUGESTÃO...
ESSA POESIA... DE EVOCAÇÃO...
É SINETESIA, É MAIS SUGESTÃO...
ESSA POESIA... DE ALITERAÇÃO!
E ASSIM... ASSIM,
DE MOVIMENTO EM MOVIMENTO,
ENTRE RAZÃO E SENTIMENTO, A GENTE CHEGA A 22...
COM O MODERNISMO
- VERSOS BRANCOS, VERSOS LIVRES...
REGIONALISMO
E TUDO “PÓS” QUE VEM DEPOIS!...
E VAMOS...
 
(LETRA DE JOÃO FREIRE; MÚSICA DE RUI PEREZ E JOÃO  FREIRE)