segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Yde Schloenbach Blumenschein, a COLOMBINA.







 
Da correspondência recebida de Maria Thereza Cavalheiro, mencionada no "post" anterior, transcrevo, agora, com leves adaptações, um pequeno currículo e 12 (doze) trovas de Colombina, sobre Saudade. Notem como ela sempre foge do "lugar comum".

Veja, também, na Wikipedia: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Yde_Schloenbach_Blumenschein).

Yde Schloenbach Blumenschein

 
Nome civil da Poetisa conhecida pelo nome literário de COLOMBINA, nascida em 26 de Maio de 1882, em São Paulo/SP, onde faleceu em 14 de Março de 1963. Grande sonetista, escreveu também versos livres e encantadoras trovas, reunidas em três livros, esgotados ("Para você, meu amor", "Cantares do Bem-querer" e "Cantigas ao Luar".
 
 
As trovas

Afinal, o que é a saudade?
-queriam que eu o dissesse.
-Não será essa ansiedade
de esquecer quem não se esquece?

Inverno. Melancolias
errando à toa nas ruas.
As minhas mãos estão frias
e com saudades das tuas...

Mar revolto, eu adivinho
porque tu choras assim:
para quem vive sozinho,
a saudade não tem fim.

Saudade - vago perfume
de uma estranha e ignota flor
que, a evaporar-se, resume
a eterna história do amor...

Jesus (a Escritura reza)
sofreu tanta iniquidade,
mas não soube quanto pesa
o lenho de uma saudade.

Saudade - nada dói tanto
como essa dor dolorida,
que os olhos enche de pranto
e enche de sombras a vida.

A saudade ê um triste ocaso,
a envolver a alma da gente.
Dura, o amor, um certo prazo,
- a saudade, eternamente.

Saudade - vela que vaga
sozinha, à noite, no mar...
Flama que nunca se apaga
porque nasceu num olhar.

Saudade - um elo partido,
um altar desfeito em pó;
um lindo sonho perdido
e o destino de ser só.

Não é simples coincidência
a saudade ser mulher,
pois é sempre a reticência
no fim de um sonho qualquer.

Saudade - quem não vê logo
que é sombra depois da luz?
As cinzas depois do fogo?
Flores ao pé de uma cruz?

Ao coração torturado
de saudade, eu mesma digo:
amar assim i pecado,
sofrer assim e castigo.