sábado, 29 de agosto de 2009

Certezas... Repensando um poema!



Trova premiada em Nova Friburgo (menção honrosa), no ano de 2002, no tema Certeza, da qual gosto muito, porque consegui usar metalinguagem, efeito que imprimiu o que os teóricos chamam de circularidade ao poema. O leitor é instigado a retornar ao texto e a significação amplia-se, pelo reforço da idéia das (in) certezas, e pelo destaque à pontuação. Porém, não pense que eu pensei em tudo isso quando "pensei" a trova... Hehehe!



Depois de tantas tristezas,
tantas promessas e ausências,
eu grafo as tuas "certezas..."
com aspas e reticências.


(Sérgio Ferreira da Silva)


terça-feira, 18 de agosto de 2009

Poema para um olhar...












Por teus olhos

São olhos questionadores, os teus...
Olhos de quem sabe que é preciso
conhecer... adivinhar e, sobretudo, sentir...

Conhecer, no aprendizado diário
e no curto espaço de uma vida compartilhada;

Adivinhar, como se não fossem necessárias as palavras,
como se não fosse necessário dizer "eu te amo",
como se fosse possível não dizer "eu te amo",
mas adivinhar mesmo assim, e ficar feliz com isso;

E sentir... que as respostas que os teus olhos procuram
estão em ti... e em nós,
não pela complexa arte (quanta arte!) de viver,
mas pelo eterno dom de poder compartilhar a vida,
de poder lutar ao teu lado, perdendo e ganhando,
sofrendo e sendo feliz...

Mas, acima de tudo, por saber que,
por teus olhos, valeu a pena viver!

(Sérgio Ferreira da Silva)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Além do Horizonte

O título foi adotado como tema do concurso de trovas de Belo Horizonte, em 1997 (ano em que comecei a escrever trovas), por ocasião da comemoração dos 30 anos dos Jogos Florais da Cidade. Duas trovas se apropriaram de minha atenção entre as vencedoras... Dois achados, construídos com a perspicácia de trovadores que transpuseram o horizonte poético: João Freire Filho e José Maria Machado de Araújo (que nos deixou e foi viver além do horizonte da vida...). As duas imagens são detalhes dos livros de trovas editados pela UBT de Niterói, que merecerá, a seu tempo, uma postagem à altura.

Por mais que a vida me afronte,
não me dobra nem detém:
eu sonho além do horizonte
e busco os sonhos... além!


(João Freire Filho)


Ao perigo erguendo a fronte,
os bravos e antigos povos
foram além do horizonte
buscar horizontes novos!


(José Maria Machado de Araújo)

Dudu Braga


Ele é filho do "Rei" Roberto Carlos... Ele tinha um programa de verdade, em uma novela! Ele é radialista, músico e traz consigo uma luz enorme... Ou seja, é um homem que fez de uma limitação aparente uma maneira de enxergar bem mais longe que a maioria das pessoas. Foi uma honra escrever uma trova para o Dudu. Outra coisa, enviei para ele uma mensagem pessoal (em braile), com a trova abaixo, que figurou no livro Celebridades (foto), do Sérgio Madureira. Ficou assim...

Na alegria radiante,
DUDU, diante de nós,
é prova viva e constante
de que a LUZ,... também, tem voz!

(Sérgio Ferreira da Silva)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Seguindo pelo corredor... de trovas!

Na postagem anterior, ao explicar o que era o "corredor polonês", não comentei a discutível utilidade "correcional", digamos assim, que muitos grupos deram e dão a ele. No entanto, as trovas que foram gravadas na madeira e dispostas no corredor do restaurante Don Tozzoni, são verdadeiras "bordoadas poéticas", um verdadeiro "espancamento" de sensibilidade, de engenho... e arte! Vamos a mais algumas...

A primeira, da
Elisabeth Souza Cruz, fala em camuflagem, vejam que interessante coincidência... ou não!

Declarar-me... nem me atrevo
com palavras mais ousadas,
e, assim, os versos que escrevo
são propostas camufladas!

Agora, um belo achado de Joaquim Carlos... O detalhe é que os Jogos Florais são realizados, mesmo, no Outono! Fala, Joaquim, meu velho!

Estamos em pleno outono,
mas teu perfume, deveras,
me faz pensar que sou dono
de todas as primaveras!...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Corredor Polonês... de trovas!


O chamado "Corredor Polonês" é uma estreita faixa de terra localizada na Polônia, que abrange grande parte do Rio Vístula. A posse da região passou
da Alemanha para a Polônia em 1919, imposta pelo Tratado de Versalhes. Popularmente, Corredor polonês é o nome dado a uma passagem estreita formada por duas fileiras de pessoas alinhadas lado a lado, todas voltadas para o centro (Fonte, com adaptações: Wikipédia).

No restaurante Don Tozzoni, em Nova Friburgo, há um corredor, a partir da entrada, que leva até o salão principal, onde estão dispostas as mesas. Nesse corredor, de ambos os lados, as paredes são ornadas com trovas de grandes trovadores brasileiros, entalhadas em madeira, sugerindo a forma de pergaminhos abertos...

Por ocasião dos L Jogos Florais, em maio/2009, estive na cidade e fotografei as trovas. Vou colocá-las aqui, paulatinamente, como uma homenagem à cidade e seus trovadores, que há 50 anos recebem poetas de todo o Brasil com hospitalidade, carinho... e um corredor de trovas!

A primeira trova a figurar no "corredor polonês" do blog é de autoria de Nádia Huguenin, que hoje é tão presente... em nossa saudade!


(foto by Sérgio Ferreira da Silva)


Obrigado, sempre, Nova Friburgo!



sábado, 1 de agosto de 2009

O baú e a máquina em pessoa!

Na postagem sobre o "Livro do Desassossego", mencionei um "baú de coisas". Pois bem, o Sérgio Bernardo - Autor do Livro já mencionado aqui, Caverna dos Signos. - (quando eu crescer quero ser que nem ele!) tirou uma foto desse baú quando visitou a casa do "Fernandão", lá na Pátria-mãe. Olha só o que o menino me escreveu hoje:

"Falou, Serjão
Fui lá conferir, de rabo a cabo... (nota do redator: olha a perspicácia do poeta, seguindo a ordem de publicação das postagens)...O blog tá show! (ele é que tá dizendo... hehehe!)
Vc falou no Fernandão, eu estive na última casa onde ele morou, hoje um centro cultural, a Casa Fernando Pessoa. Acho q fotografei o tal baú (ou mala) onde o Livro do Desassossego foi achado.


De quebra, sua 'máquina de escrever maravilhas'. Veja aí no anexo. Abrações do xará"

(Imagens by Sérgio Bernardo)


Maternidade de Rosas

(foto by Leila Rodrigues)


Conheço um trovador (aliás, um dos que mais influenciaram minha maneira de escrever trovas), que tem a "nacionalidade" trovadoresca reivindicada por duas cidades, São Paulo e Pouso Alegre... Coisa do Izo Goldman (embaixador paulista) e do Eduardo Toledo (atual presidente nacional da UBT), que, com muito humor, defendem suas respectivas UBTs! Na verdade, prova de carinho de ambos à pessoa ímpar e ao premiadíssimo trovador que é Héron Patrício. Quando recebi minha primeira premiação, em Friburgo, no ano de 1997, no tema Trambique (he he!), no tema Tristeza, o Héron sagrou-se primeiro colocado, no concurso nacional, com a trova seguinte, que é um espetáculo, uma inversão de expectativas, enfim, um Achado:

Eu me recuso, tristeza,
a conviver com teu mundo:
vida que tem correnteza,
não cria lodo no fundo!

Já que ainda não havia falado dele aqui no Blog, começo logo com duas trovas, sendo, a segunda, a que gerou o título da postagem, trova que foi agraciada também com um primeiro lugar em Pouso Alegre/MG, no tema Mundo, em 1998. Sua benção, Héron Patrício!


No Jardim, junto ao meu quarto,
o silêncio é tão profundo
que se pode ouvir o parto
das rosas chegando ao mundo!

(Héron Patrício - São Paulo/Pouso Alegre)