terça-feira, 25 de novembro de 2008

O melhor show da minha vida! (The best show of my life!)

RED CARPET MASSACRE - DURAN DURAN - VIA FUNCHAL/SP - 21 e 22 de Novembro de 2008.

(Foto by Sérgio Ferreira da Silva)

Valeu a espera de 20 anos para rever esse grupo, que fez muito sucesso nos anos 80, com hits como Save a Prayer, The Reflex e Wild Boys. Em Janeiro de 1988, eu e a Leila (já noivos) assistimos a participação deles no festival chamado HOLLYWOOD ROCK. No mesmo dia, apresentaram-se o grupo brasileiro ULTRAJE A RIGOR e o também inglês SIMPLY RED. Todos com ótimas performances. Agora em 2008, além da sempre companheira Leilinha, a filhota LAURA também compareceu e vibrou em dobro, pelos dois quarentões. Nos dois dias, ficamos em locais ótimos, colados à grade, a dois metros de distância dos ídolos. Conhecemos outros fãs do grupo, da nossa geração, além de outros mais novos. Foi emoção pura! Quando se reencontram velhos companheiros a alegria e a festa estão garantidas. O Duran Duran sempre esteve conosco, fez a trilha sonora da nossa vida e, pelo visto, fará um pouco da trilha da Laura, também...

(Foto by Cuca Pimentel - www.obaoba.com.br)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sérgio Bernardo 2




Já falei dele aqui... Leiam esse poema que venceu um dos mais cobiçados concursos do Brasil... Na formatação em que ele publicou. Fala, aí, Serjão!


Movimento
de espelhos

1
O dia
compõe em mosaicos
meus instantes

Amanheço
fragmentos
e durmo
ilusão de conjunto
na mais total
incompletude

Como quem se mira
em espelhos quebrados
restauro
utópicos fractais
de mim

ainda encontro a forma
de esculpir-me
um corpo indivisível

2
Na minha mesa posta
um bule com o choro de
[ontem
servido amargo

Entre os jornais do dia
o roteiro em detalhes
do que podia ter sido

Em vez da geléia de morango
o suor das tarefas
num pote de cerâmica

A faca corta o pão
como se amputasse
a língua do ódio

No balcão da copa
o relógio do microondas
cobra meu tempo

Todo dia às 7
desjejuo em silêncio
e a família ignora
a fome de dentro

3
Desço escadas
tateando teias
que eu ontem teci
junto às aranhas

Procuro os porões
em que apodrecem
palavras puídas

Entre trastes de avós
coleciono em caixas
remorsos antigos

Não existem janelas
nestes aposentos
e a única lâmpada
ainda nova queimou

As paredes gastas
aceitam o mofo
do modo que aceito
o oco dos dias

Nos meus subterrâneos
por que essa mania
de reter o já findo?

4
Fabrico holofotes
com minhas palavras

Cada gesto meu
produz um incêndio

Semeio lâmpadas na casa
no quintal crio vaga-lumes

Sou eu que toda noite
faço o parto da lua

Nos olhos e sorrisos
idealizo abajures

Adormeço meu frio
no colo do fogo

Com dedos de sol
amanheço a cozinha

Prendo estrelas em fios
e as vendo nas feiras

A claridade é meu ofício

5
Que sei eu das sombras
petrificadas em chinês
nas paredes da infância

Que sei eu dos muros
separando mundos
nos quintais da pátria

Nas mesmas palavras
dos mesmos livros
que sei eu de mim

Que sei eu
ignorante em didática
das aulas sonegadas

Eu que não sei nada
sendo parte de tudo
que sei eu do outro

Que sei eu, me diga
das manhãs e tardes
tecidas em silêncio

Órfão das noites
paginando lendas
que sei eu das luas

Na ciranda do tempo
que sei eu da face
que move os espelhos

(Sérgio Bernardo)

Poema premiado no 43º Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup), no Paraná

Quatro Sérgios

A foto abaixo é curiosa! Da esquerda para a direita: Sérgio Ferraz dos Santos, Sérgio Ferreira da Silva, Sérgio Bernardo e Sérgio Mauro. Quatro Sérgios, quatro poetas, quatro trovadores e os quatro em Nova Friburgo, terra que os quatro amam!





sábado, 15 de novembro de 2008

Adverbiando




Sede de Mente

A anônima mente

mente.

Mente, tão somente,

por ser anônima:

Anonimamente!

A mente

mente, simplesmente.

Mente... por mentir.

Simples mente.

Como mente? Totalmente? Parcialmente?

Mente indefinidamente e,

como mente indefinida,

mente sem alarde,

comumente...

Verdadeiramente, mesmo quem ama

mente:

mente por amar;

mente por mentir...

E quem não ama, mente?

Mesmo quem não amamente!

Urge que, por fim, se saliente:

nem toda mente mente!

Se não houver a quem mentir,

mente a mente

o ente

mente à mente.


Sérgio Ferreira da Silva

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Marcos "Nasi" Valadão 2 - O encontro com o ídolo


Tô eu na USP, hoje, no intervalo entre aulas, passeando na feira do livro (prédio da História)... Me liga o Sérgio Rorato:
"Cara, onde você está? O Nasi tá pertinho da gente!" - Corta! Voltando ao início dos anos 80 (por volta de 1981)... Fui assistir, no Centro Cultural São Paulo, um show de um grupo chamado Voluntários da Pátria (tenho o disco deles), embrião do grupo IRA! Acompanhei toda a carreira do IRA!, até a recente e tormentosa separação. Cheguei a tocar guitarra base e fiz os vocais de um conjunto de garagem, cujas melhores performances eram "covers" do IRA! em 2003, fui 1º colocado em um concurso de contos do SESC, cujo tema era "Só depois de muito tempo fui entender aquele homem!", que é o trecho de uma música do grupo. Cheguei a sonhar, algumas vezes, que cantava com o grupo, ou que conhecia os integrantes. - Corta! Hoje, 13 de Novembro de 2008, o Nasi estava lá, na USP, corri na direção dos amigos, arranquei o caderno da bolsa, peguei uma caneta e fui atrás do camarada: "Nasi! Nasi!" Ele foi muito simpático e gentil. Contei a ele que acompanhei o grupo desde os tempos do Voluntários e ele: "Que legal!" "Bacana!" "Vá assistir meu show dia 13..." Tiramos uma foto (Eu, ele e o Sérgio Rorato, que também é fã de carteirinha!). A foto ficou uma "caca". Chamei ele outra vez: "Nasi, a foto ficou uma b....!" "Tudo bem! Vamos tirar outra:


Olha a simpatia do menino e as caras de bobos dos Sérgios!
(Foto by Renato Lacerda, no celular de Luana Fontana - Thanks!)



Marcos "Nasi" Valadão - O autógrafo do ídolo!


Taí o autógrafo, com um abraço e a data do próximo show (13), em dezembro, na casa de shows CLASH - Rua Funchal, em Sampa.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

DIVENEI BOSELI


Divenei Boseli é trovadora e sonetista de primeira conjugação... Explico: foi das primeiras que aprendi a admirar quando, das mãos de Antonio de Oliveira, recebia livretos de trovas, com resultados de concursos de todo o Brasil, antes de me tornar trovador! Ou seja, as trovas de Divenei (e de outros grandes trovadores brasileiros) me ensinaram a fazer trovas. Ela é uma das “culpadas”, digamos assim. Posso dizer, então, que eu DIVENEI... Espero que você DIVENEIE, também...


Não regressas... Mesmo assim,
a ilusão que eu julguei morta,
morta de pena de mim,
monta guarda à minha porta.


Saudade, eterno martírio
que ocupa, agora, em meu peito,
os espaços que o delírio
ocupava em nosso leito!...


Vai trabalhar, vagabundo,
grita a mulher, feito gralha;
e ele rosna lá do fundo” :
– “Vagabundo não trabalha!”…

(Divenei Boseli - São Paulo/SP)

Sérgio Ferreira da Silva

sábado, 8 de novembro de 2008

TINHA O QUÊ??? ou TINHA UMA DROGA DE UMA PEDRA NO CAMINHO




Outro exercício, agora com Drummond, na Escola Livre de Literatura, também em 2005...

Tinha o quê???

No meio do caminho, tinha alguma coisa.

Pois, é! Eu estou aqui, no caminho, pronto e decidido a enfrentar essa COISA!

Outro dia, alguém escreveu no jornal (um crítico, talvez), que o Poeta não disse, no poema, aquilo que ele deveras disse (citando o Pessoa). Mas, por ser uma antena de seu tempo, disse o que disse, porque era a voz da consciência de todos nós.

EU NÃO NOMEEI POETA NENHUM MEU PROCURADOR!!!

Aliás, é por isso que estou aqui, neste caminho... Nenhum Poeta, por melhor que seja, vai me representar... Andar meus passos por mim. Ficam, aí, endeusando um, consagrando outro... Idolatria! Idolatria barata!

De minha parte, até agora, não vi COISA NENHUMA! Êta caminho besta, sô! Não tem nada!

Estou andando faz tempo... Já está escurecendo... e nada!

Que breu! Estranho, este céu sem estrelas,... sem esperança,... sem nada.

O caminho parece o céu: escuro, sem Lua,... sem uma estrelinha...

Será o mesmo caminho do Poeta? Chão batido,... sem beirada? Só o caminho... e este céu escuro, sem estrelas? Céu sem estrelas... e sem nuvens! Nenhuma nuvem! Nada!

Eu!

Só eu, no caminho!

Olhando para o céu vazio!

Andando... Andando...

AAAIIII!!!! Ai meu dedo!!!!

Tinha uma droga de uma PEDRA no caminho!!!

(Leia, agora no sentido inverso!)

Sérgio Ferreira da Silva

Imitando Kafka...


Kafka (Andy Warhol)


"...A prosa universal de Kafka é a história dos pesadelos do mundo moderno, um retrato ampliado das fraquezas e defeitos inerentes à espécie... As situações intoleráveis, a angústia e o absurdo, os ambientes bizarros e a força psicológica dos seus argumentos são as idéias centrais deste autor clássico." (Pedro Maciel)

OS QUE PASSAM POR NÓS CORRENDO

Quando se vai passear à noite por uma rua e um homem já visível de longe _ pois a rua sobe à nossa frente e faz lua cheia _ corre em nossa direção, nós não vamos agarrá-lo mesmo que ele seja fraco e esfarrapado, mesmo que alguém corra atrás dele gritando, mas vamos deixar que continue correndo.
Pois é noite e não podemos fazer nada se a rua se eleva à nossa frente na lua cheia e além disso talvez esses dois tenham organizado a perseguição para se divertir; talvez ambos persigam um terceiro, talvez o primeiro seja perseguido inocentemente, talvez o segundo queira matar e nós nos tornássemos cúmplices do crime, talvez os dois não saibam nada um do outro e cada um só corra por conta própria para sua cama, talvez sejam sonâmbulos, talvez o primeiro esteja armado.
E finalmente _ não temos o direito de estar cansados, não bebemos tanto vinho? Estamos contentes por não ver mais nem o segundo homem.

Conto de “Contemplação / O Foguista”, de Franz Kafka


Quando, em 2005, participei dos encontros com o escritor Ricardo Lísias, na Escola Livre de Literatura, em Santo André, participei de uma atividade que consistia em escrever um texto, a partir da leitura de um pequeno conto desse maravilhoso autor. Escolhi OS QUE PASSAM POR NÓS CORRENDO...

POR QUE NÓS PASSAMOS CORRENDO?

I

O primeiro homem

Por recomendação do cardiologista!

Prefiro correr à noite. Principalmente nas noites de Lua Cheia... Não há automóveis! Às vezes, levo meu walkman - o ritmo da música determina o da corrida. Às vezes, meu irmão corre comigo... Então, nos tornamos duas crianças: apostamos corrida e gritamos feito loucos! Às vezes, cruzamos o caminho de algum bêbado de olhar assustado, mas passamos velozes e ele fica para trás, tentando entender a algazarra.

E, afinal, não temos o direito de extravasar? Trabalhamos o dia inteiro! Depois, é chegar em casa... e dormir!


II

O segundo homem

Eu corro atrás dele!

Meu irmão mais novo é um inconseqüente: gosta de correr a noite (diz que é recomendação médica) e não se apercebe dos riscos que corre. Concordo que a corrida é um hábito saudável, mas, à noite – e, pior, com Lua Cheia -, o perigo aumenta!
Noite dessas, corríamos ladeira abaixo e eu avistei um sujeito estranho. Gritei para que meu irmão tivesse cuidado, mas ele achou que era apenas um bêbado e fez pouco caso.

Por isso, quando corro com ele, levo, sempre, minha arma. Tenho porte... Não é um direito? Eu prometi à minha mãe que cuidaria dele aqui na cidade!

Sérgio Ferreira da Silva

Obs.: O Título é o mesmo da tradução, com as palavras e letras dispostas de forma diversa, sem acréscimo ou diminuição de seu número [ANAGRAMA], como um questionamento.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

No princípio, era MATRIX...



EVOLUÇÃO

“No sexto dia, Deus criou o homem, à sua imagem e semelhança, sem furo nenhum atrás da cabeça!”

(autor desconhecido)

(No meu sonho, as letras e números verdes caem à minha frente, girando sobre o próprio eixo. Isso me acalma).

- Tudo, no universo, resulta de uma lógica superior, um código não visível, inexplicável. Caminhamos, quer dizer, a humanidade caminha lentamente em direção à evolução, mas eu não posso esperar! A trilha evolutiva se estende por inúmeras gerações e, infelizmente, eu só tenho uma vida!

- Mas isso nunca foi feito! O que o senhor está querendo fazer é pura fantasia... É loucura, é...

- Ficção Científica!

- Nós não podemos... O senhor não pode...

- Doutor, no início do século vinte, disseram a Santos Dumont que voar era impossível,... mas ele tinha um sonho! E sonhava acordado, como eu! A diferença entre nós dois é a de que ele podia executar seus planos e voar em seus protótipos. Eu, entretanto, necessito de cirurgiões, anestesistas, enfermeiras, um hospital, etc...

- O senhor pode morrer! Pode sofrer lesões irreparáveis, pode...

- Posso, não, doutor: eu VOU morrer, um dia! Um dia! Faça! Simplesmente, faça!

- Senhor Silva,...

- Pode me chamar de Neo!

- Uma grande empresa japonesa já patenteou um dispositivo que envia estímulos eletro-magnéticos ao cérebro, de forma não-invasiva... Mas, o que o senhor quer é que implantemos em seu cerebelo um receptor de impulsos, no estilo daquele filme!

- Matrix! Isso mesmo! Finalmente o doutor entendeu!

- É uma brincadeira, não é? Tem uma câmera escondida, em algum lugar?

- Vou ser mais claro: se vocês não fizerem a cirurgia, vou parar de fazer doações ao seu hospital!

- Mas... nós dependemos de suas doações, senhor Silva, quer dizer, Neo!

- Fique tranqüilo, doutor, já fiz meu testamento! Caso eu morra, ou tenha qualquer seqüela, o hospital receberá, mensalmente uma boa quantia, por várias décadas! Mais do que recebe hoje!

- Sendo assim, senhor Sil... NEO, não me resta alternativa, a não ser concordar. Me diga, somente, o que o levou a acreditar que uma história como a do filme poderia tornar-se realidade?

- Doutor, desde Júlio Verne, os escritores e roteiristas de ficção vêm antecipando a invenção e desenvolvimento de aparelhos, máquinas, armas e veículos que, hoje em dia, são considerados úteis e imprescindíveis para a vida cotidiana. Chegará o dia em que o Homem será teletransportado a qualquer lugar, e que as doenças serão diagnosticadas com aparelhos portáteis semelhantes àqueles usados pelo Doutor McCoy, da série Jornada nas Estrelas... A ressonância magnética não é quase aquilo?

- Nisso você tem razão, Neo!

- Então, doutor? Estamos combinados? Podemos fazer a cirurgia na próxima semana?

- Podemos, claro! Daqui a seis dias! Pode me entregar o protótipo do aparelho receptor. Vamos implantá-lo em seu cerebelo, tomando todo o cuidado para que não provoque nenhuma lesão, além daquelas inevitáveis, já que se trata de um processo invasivo!

- No futuro, eu sei disso, poderei aprender a pilotar helicópteros, usar armas poderosas e lutar como um mestre das artes marciais, “plugado” a um software de aprendizado, graças ao senhor. Muito obrigado, doutor!

- Pode me chamar de Morpheus!

- Boa! Muito boa! Há! Há!

...

- Doutor Morpheus, como está o paciente do implante? Na mesma, ainda?

- Já te falei para não me chamar de Morpheus!

- Quanto tempo já faz? Doze? Treze?

- Quinze! Quinze anos!

- Ele nunca reagiu?

- Olha, para falar a verdade, depois que eu coloquei um monitor na frente dele, com a proteção de tela do filme, aquele com as letrinhas verdes caindo, ele nunca mais teve convulsões!

Sérgio Ferreira da Silva

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Maurits Cornelis Escher 2

Na litografia abaixo, fonte da minha inspiração, chamada "Hand with Reflecting Sphere" de 1935 (existem outras esferas, não menos interessantes!), Escher faz metalinguagem. Observa e é observado. Ao mesmo tempo, questiona a maneira tradicional da observação artística: QUEM OBSERVA? talvez seja a pergunta implícita. Gosto muito das obras dele. Há, sempre, uma disposição de inovar, um olhar diferenciado e uma proposição interativa... É o gênio questionando seu próprio ponto de vista!





Experimentando...


Wilson e sua filha (reflexo sobre DVD - fotografia - by Sérgio Ferreira da Silva - 2008)


Laura (reflexo sobre DVD - fotografia - by Sérgio Ferreira da Silva - 2008)



Leila (reflexo sobre DVD - fotografia - by Sérgio Ferreira da Silva - 2008)