domingo, 14 de dezembro de 2008

Arte 10



Clique na imagem para visualizar os detalhes!




Esse aí é o John Taylor, do Duran Duran, em um quadro de 1986 by Leila Rodrigues: pinceladas expressivas, volume, uso de gradação de tons. Gosto muito.


O lado literário da Leila...



Mesmo quem conhece a Leila dificilmente conhece a sua escrita: direta, reflexiva, equilibrada e sincera. Faz prosa poética, crônica, poesia. Intuitiva e sempre positiva.
Boas festas e bom final de ano a todos! A Leila fala, agora, pela família toda...





Balanço de Final de Ano


Vejo os dias passando diante de meus olhos: observo cada movimento; cada olhar
e escuto todos os pensamentos.
Penetro em olhares, atravessando-os para atingir, além da matéria, a essência de cada um.
Rio e choro,
Brinco e trabalho.
Amo e sou amada, ou odiada.
Sigo minha vida sem entender o porquê da violência, da maldade e da inveja.
Como é bom chegar até aqui e ver tudo de bom que conquistei.
Como é ruim chegar até aqui e ver tudo de mau que já enfrentei.
A vida é uma jornada interessante e trago boas lembranças das pessoas que cruzaram meu caminho e me ensinaram coisas diferentes.
Não tenho riquezas materiais, mas, espirituais, tenho de sobra.
Meu sorriso é meu cartão de visitas.
Minha lealdade, o cartão de permanência.
Meu coração aberto, meu cartão de amizade vitalícia.
Se você é do bem, entre e fique à vontade para repartirmos impressões e vivências.
Se não é, passe, aproveite a boa energia e transforme seus pensamentos.
Precisamos de mais pessoas boas no mundo, para vencermos a violência e a escuridão.
Porque todos nós nascemos para brilhar: não só neste final de ano, mas... por toda a nossa vida!

(Leila Rodrigues)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Falta de Educação tem cura. Consulte um Professor.





Clique na imagem e leia o adesivo!


Ontem, 09 de Dezembro de 2008, em uma escola estadual, um aluno de 8ª série (portanto na faixa de 14 anos de idade), munido de um skate, cumpriu uma ameaça que fez no mesmo dia à sua professora de português: "...se você me reprovar, vou detonar seu carro!". Cheguei à escola no exato momento em que a professora, em prantos, constatava a execução da ameaça. Registrei, então, no celular, a cena lamentável. Se esse fato fosse perpetrado por um adulto, o código penal disporia como "Crime de Dano". Mas foi um "di menor" que o praticou, então: ato infracional.

Em meu trabalho, por vezes, registro os depoimentos de menores como ele, custodiados (eles não podem ser presos), porque surpreendidos em flagrante (no momento, ou momentos após a prática do ato infracional). Nosso trabalho é certificar as condições físicas do adolescente e colher sua primeira versão dos fatos. A maioria nega qualquer participação. Em geral, eles estão acompanhados da mãe (às vezes da mãe e do pai; muito raramente apenas do pai ou outro "responsável"), que tem as mais variadas explicações para as causas das ocorrências: falta de condições financeiras; as "má companhia"; o vício; a ausência paterna; a índole indomável; e por aí vai.

Não sei o que levou esse menino, de nome bíblico (aliás, de um Rei!), a vingar-se da professora destruindo o vidro traseiro do veículo com seu poderoso Skate. Se um dos motivos acima, ou algum outro de ordem psicológica ou psiquiátrica. Não sei.

Sei, porém, que ela não merecia sofrer esse dissabor. Todos sabemos das precárias condições oferecidas àqueles que abraçam a carreira do magistério. São injustiçados todos os dias, entregando sua saúde e tempo, em troca de uma parca contraprestação. Essa professora, em especial, acredita no poder da educação para mudar o mundo e a realidade daqueles menos favorecidos socialmente: reparem nos dizeres do adesivo colado ao vidro estilhaçado: FALTA DE EDUCAÇÃO TEM CURA. CONSULTE UM PROFESSOR.

Será que o garoto, com nome de Rei guerreiro, leu o adesivo antes de cometer o "ato infracional"? Acho que não! Sua mãe compareceu à escola, na noite do mesmo dia, em prantos, também. O garoto (que trabalha!), compareceu e comprometeu-se a pagar o prejuízo (negando a autoria, embora testemunhas garantissem o fato).

Não acredito que a professora será ressarcida: a dor que ela sentiu não foi patrimonial. O vândalo, com nome de Rei, não demonstrou na retratação a "coragem" que teve ao destruir o patrimônio alheio...

A professora, no entanto, permanece fortalecida. Acredita na educação e tem ciência do bem que faz aos seus alunos, como todos os outros professores e profissionais que trabalham nessa escola estadual .

No mais, acredito que é hora de uma séria revisão do Estatuto da Criança e do Adolescente. O Brasil necessita de uma melhor análise e acompanhamento dessas gerações que farão as leis do futuro, sob pena de ficarmos subjulgados a pessoas com nome de Rei, ou não, mas com atitudes sanguinárias e violentas, como previu o trovador Antônio de Oliveira:



Onde o ensino é relegado,
e as letras não têm valor,
há de pagar ao soldado,
quem não paga ao professor!

Incentivando a Poesia e preservando a Natureza!

Já falei aqui de algumas coisas interessantes feitas com poesia: o livro Celebridades (Ame Nova Friburgo), do Sérgio Madureira, em que os artistas foram homenageados com trovas; as trovas do Zaé Júnior, em 200 Outdoors espalhados pela cidade de São Paulo; as trovas postais, que espalhei pelo Brasil e as trovas na agenda Livro da Tribo. Outras iniciativas já fizeram, em São Paulo, por exemplo, uma "chuva de trovas". Trovas eram lançadas do alto do Edifício Itália, e eram emcontradas a quilômetros de distância (hoje essa prática não seria aceitável, porque os papéis não recolhidos contribuiriam para entupimento de esgotos. Vale o registro!)

Pois bem, a empresária e advogada Marinês de Paula, que comanda a empresa Bag Beach, especializada em produção de bolsas e embalagens com a marca da responsabilidade ambiental, ou seja ecologicamente corretas, apostou numa idéia interessante: me propôs estampar em alguns de seus produtos poemas de minha autoria. O resultado está na foto abaixo...



Conheça mais da Bagbeach: http://www.bagbeach.com.br

Poemas Desentranhados

Manuel Bandeira (aqui retratado por Portinari) foi protagonista de sacadas poéticas incríveis.
Uma delas:


Poema Desentranhado de Uma Prosa de Augusto Frederico Schmidt

A luz da tua poesia é triste mas pura.
A solidão é o grande sinal do teu destino.
O pitoresco, as cores vivas, o mistério e calor dos outros seres te interessam realmente
Mas tu estás apartado de tudo isso, porque vives n
a companhia dos teus desaparecidos.
Dos que brincaram e cantaram um dia à luz das fogueiras de São João
E hoje estão para sempre dormindo profundam
ente.
Da poesia feita como quem ama e quem morre
Caminhaste para uma poesia de quem vive e recebe a tristeza
Naturalmente
- Como o céu escuro recebe a companhia das primeiras estrelas.

(Manuel Bandeira - Poesia Completa & Prosa, Rio de Janeiro, José Aguilar, 1967)



Esse poema foi "desentranhado" de um artigo do também poeta Schmidt, que foi "ghost writer" do Presidente Juscelino.

Ponto! De exclamação! Metalinguagem pura! Brincadeira literária de um poeta para outro, a partir de uma prosa! Vai analisar um troço desses!

Pois bem, em 2007, minhas aulas de Literatura Brasileira foram ministradas pela Professora Doutora Yudith Rosenbaum, pessoa maravilhosa, autoridade em Clarice Lispector e Manuel Bandeira, que, no primeiro semestre, tratou do Modernismo Literário Brasileiro...

(Yudith Rosenbaum)

Daí, que um colega de turma, de nome Amilkar, figurassa carimbada da faculdade, sugeriu a ela que eu fizesse algo parecido, abordando o Modernismo, que era tratado nas aulas, "porque ele é poeta, professora!"

(Amilkar e Antônio Cândido - Duas figurassas!)

o resultado:


Lobato Malfatti lupus

(poema desentranhado de uma aula de Yudith Rosenbaum)


A luz difusa que sai do retrato ofusca o retratado. Mas,

que retrato é esse, tão diferente do modelo?

Nada nele é familiar, tudo é surpresa e choque.

[o esperado, às avessas...

Por 4’ e 33” a audiência gritou:

[Paranóia! Paranóia!

E a orquestra obedecia ao comando do Maestro,

[Silenciosamente mistificada,...

por 4’ e 33”!

A subjetividade retratada é tensa,

[e é feia,

[objetivamente feia!

O belo é outra coisa, diferente, não contrária.

Lobato não entendeu

[ou fingiu não entender!]

:foi Dorian Gray, depois do pacto:

[um retrato envelhecido...

... de si mesmo!

(dedicado a Amilkar Henrique Gonçalves de Moura e a Yudith Rosenbaum)

Sérgio Ferreira da Silva