sábado, 12 de setembro de 2009

Um pouco de ritmo

(arquivo pessoal - com Wanda de Paula Mourthé e Arlindo Tadeu Hagen - Nova Friburgo - 2009))

Súplica

No compasso das batidas,
o meu coração suplica,
pelo bem de nossas vidas:
Fi...ca! Fi...ca! Fi...ca! Fi...ca!

(Sérgio Ferreira da Silva)

O Dicionário Aurélio Eletrônico, entre outras definições, diz que ritmo é o "Movimento ou ruído que se repete, no tempo, a intervalos regulares, com acentos fortes e fracos..." e "...Num verso ou num poema, a distribuição de sons de modo que estes se repitam a intervalos regulares, ou a espaços sensíveis quanto à duração e à acentuação..."
Nessa definição, o ponto comum é a existência de "intervalos regulares" entre os "acentos".
Em poesia, seja ela rimada, metrificada ou livre (com versos de tamanhos diferentes e rima não obrigatória) há de haver um ritmo, que pode ser variável, ou não. É quase como dizer que há um pulso. Escolha um poema de seu agrado, ou qualquer um desse blog e verá que isso é verdade. Um pouco mais difícil de perceber é o ritmo na prosa. Ele também está lá e, muitas vezes, é responsável pela emoção do texto (Guimarães Rosa, por exemplo, foi um mestre dessa inserção, trabalhando a rima, inclusive, de forma imperceptível... coisa de gênio!).
Fiz a trova da epígrafe com algumas intenções veladas: a primeira delas foi transformar a palavra "fica", no quarto verso, em um pulso cardíaco, efeito que se garante pela repetição, principalmente pelo fato de que ela só tem duas sílabas poéticas (dois sons); a segunda foi marcar o ritmo da trova como um todo, na terceira sílaba poética, já que o segundo verso tinha uma segunda sílaba forte, na palavra "meu";... A terceira, foi uma referência a uma trova do Arlindo Tadeu Hagen, que está na postagem sobre as trovas de guardanapo, conhecidíssima em todo o Brasil e muito bonita, que termina com o verso "...fica pelo amor de Deus!", também marcado na terceira sílaba poética.

Sua benção, Tadeu!

Nenhum comentário: